domingo, 25 de outubro de 2009

Revolução iniciada na transmissão das experiências de vida

“As técnicas de comunicação permitem ver, mas não permitem sentir.” A frase do estudioso da Comunicação, o francês Dominique Wolton, explicam a experiência que vivi ao receber a visita de uma liderança da BSGI em São Paulo em minha casa no início desse ano de 2009.
Ofereci meu trabalho voluntário de assessoria de imprensa, com o propósito de divulgar nos veículos de comunicação de massa do meu Estado as realizações da BSGI no Espírito Santo. Ele mostrou-se grato com a oferta e então esclareceu-me que no Budismo de Nitiren Daishonin a propagação se dá pelo diálogo, na transmissão de “coração a coração”. Prosseguindo em suas instruções, assegurou que a divulgação dessa filosofia não deveria ser via meios de comunicação massivos, tidos como generalistas.
Hoje, após ter assistido a uma palestra do sociólogo Dominique Wolton sobre a incapacidade de as TIC (Tecnologias de Informação e Comunicação) darem conta de assegurarem a paz e a compreensão entre os povos, passei a compreender melhor o sentido de se falar de “coração a coração” e, mais que isso, da importância da fala direta, que se dá nas relações interpessoais para efetivação de qualquer “revolução humana”.
É por meio do diálogo que podemos solucionar os problemas, quaisquer que sejam. E é por meio da confiança, resultante de um diálogo de amizade que podemos enfrentar os desafios. O presidente Ikeda nos diz: “O diálogo apresenta infinitas possibilidades. É um desafio que pode ser aceito por qualquer pessoa, em qualquer momento, para transformar uma cultura de violência numa cultura de paz”.
O escritor Arnold Toynbee, citado correntemente pelo presidente da SGI, Daisaku Ikeda, diz: “De todos os fenômenos, o único, cuja existência não é estabelecida por padrões é o do campo do encontro e da conversa entre duas pessoas. É desse encontro e desse diálogo, que surge a criatividade”
E mais que isso, é por meio do encontro interpessoal que acontece a transmissão da experiência de vida, cuja decadência o filósofo alemão Walter Benjamin nos alertava na década de 30, antes da segunda guerra mundial. “Uma nova forma de miséria surgiu com esse monstruoso desenvolvimento da técnica, sobrepondo-se ao homem”, disse.
Benjamin dizia: “as ações da experiência estão em baixa, e tudo indica que continuarão caindo até que seu valor desapareça de todo. Basta olharmos um jornal para percebermos que seu nível está mais baixo que nunca. A experiência que passa de pessoa a pessoa, de pai para filho e para neto, é a fonte a que recorreram todos os narradores”, conclui.
Quem é ajudado hoje pelas experiências de vida de seus antepassados se as pessoas conversam cada vez menos? Contudo, no Budismo de Nitiren, percebemos a importância da fala de “coração a coração”. E essa é uma prática costumeira nas reuniões de palestra. São das experiências vivenciadas por cada um diante do Gohonzon, e transmitidas nos encontros, que obtemos o incentivo para desafiar nossos obstáculos e transformar nossas vidas.
Cada experiência é uma história narrada de forma oral, por meio da fala emocionada, e que nos toca em profundidade. São essas histórias de vida, hoje concebidas cientificamente como documento histórico até, que nos reforçam no Budismo a praticar incessantemente. São os incentivos transmitidos de vida a vida com sentimento. E voltando a citar Wolton, “na comunicação a paixão está tão envolvida quanto a razão”. (Por: Ivana Esteves)

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