domingo, 25 de outubro de 2009

Enclausurada

Estou acordada numa madrugada sem TV a cabo, sem internet e me sentindo cada vez mais desconectada do mundo.
Adoro conhecer pessoas... mas veja a contradição: em pouco tempo cai a conexão. Quase todo o conteúdo se esvai para a lixeira.
Estou deletando o conhecer e substituindo pelo conversar com as pessoas. Algumas... Adoro encontrar e conversar... Não conhecer...
Conhecer estraga tudo! Pressupõe um aprofundamento da relação e estou ficando enclausurada fora do mundo.
Sinto saudades do passado, dos contatos humanos... Mas no presente fujo de muitos deles. Talvez pela desconfiguração.
Não do computador, mas do criador. De tanto “tempo de tela”, diante da TV e do computador, o humanismo foi sugado.
A vida foi deletada, as histórias de vida foram ressignificadas na representação das telas. O tempo real não é mais o tempo presente.
O presente deixou de ser uma dádiva, e virou uma espectativa de um porvir que chega depressa e logo vira passado.
Na fugacidade do tempo, o espaço se comprime e as raízes arrebentam. Então nos encontros humanos, atitudes desumanas.
Na tradição que vira história, não há tempo para rememoração. O hoje passa a ser o desejo do amanhã e o amanhã deixa de ser presente...
No planejamento do futuro que deixa de ser um mistério em previsões e na premissa da falta de contemplação e da aniquilação do inesperado,
Há muita programação, premeditação, estimativa, previsão... Estou a procura de uma vida menos planejada, mais inusitada, menos quadrada...
Esta noite estou fora do quadro, desligada, sem TV a Cabo, sem internet... Mais humana, sem saber... (Por Ivana Esteves)

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